"Dentre as principais sugestões de alteração das regras para a publicidade infantil, a Anvisa destaca as medidas de proibição de propaganda em escolas e em materiais escolares e o uso de tradicionais personagens infantis no universo publicitário. Também está em vigor a sugestão da obrigatoriedade de veiculação de frases de alerta e advertência dos riscos inerentes aos produtos comercializados. Fonte: www.mmonline.com.br, 11.03.09
Venhamos e convenhamos, essa é dose e ao que tudo indica, vem para ficar. Os profissionais da Anvisa, que parece, não tem nada melhor para fazer, decidiram ir com unhas e dentes para aplacar o que consideram um grande mal para as crianças brasileiras: a comunicação de produtos alimentícios voltados para o público infantil. O alvo são alimentos ricos em gordura trans, açúcar, sódio e outros componentes. A justificativa, repleta de frases de efeito e com o aval do Conar e Alana, visa reduzir "a difusão de hábitos alimentares inadequados, o que, ao longo prazo, contribuiria para a construção de uma sociedade obesa e com problemas de saúde". Já para o próximo semestre, sai as determinações da entidade, que deverá proibir a propaganda em escolas e em materiais escolares e o uso de tradicionais personagens infantis. Também está em vigor a sugestão da obrigatoriedade de veiculação de frases de alerta e advertência dos riscos inerentes aos produtos comercializados.
Até aí parece tudo bem, entretanto, o que está em jogo é algo mais profundo do que a veiculação ou não de campanhas com personagens do imaginário infantil.
1. Em primeiro lugar, se os produtos são realmente nocivos, não deveriam ter a sua venda proibida?
2. Em segundo, não caberiam aos pais a decisão de escolher que alimentos seus filhos poderiam ou não consumir?
3. Em terceiro, sob o manto de tão nobres argumentos, não estão utilizando a censura?
Ora, ora, ora, ninguém, com alguma inteligência na cabeça, vai querer que nossas crianças se tornem adultos obesos e com problemas de saúde. Entretanto, campanhas de achocolatados, refrigerantes, balas, biscoitos e afins, sempre estiveram presentes na mídia, principalmente na TV, o que deveria já ter gerado (com o perdão do trocadilho) gerações e gerações de brasileiros obesos. Até onde sei, e sei muito pouco sobre o assunto, a obesidade, a tendência para engordar e diversos outros problemas de saúde, tem causas genéticas que, muitos dirão, poderão ser agravadas com o consumo desses alimentos - então, se é assim, volto a pergunta 1.
Dizem também, que a influência dos comerciais infantis leva a criança a preferir (pedir, exigir) a compra de tais produtos, mas entretanto, o ato de compra não é de responsabilidade dos adultos? E se eles não querem essa responsabilidade, já não estaríamos necessitando de adultos melhores? Volto então a pergunta 2.
E antes de voltar a pergunta 3. São atitudes como essa que escondem algo muito nocivo, pois há aqueles que são contra a propaganda, contra o consumo (que chamam de consumismo), contra a indústria, contra as empresas. Este tipo de pessoa esquece que a propaganda, ao incentivar o consumo, a indústria ao fabricar os seus produtos e as empresas ao comercializarem seus bens e serviços, fazem a roda da economia girar - geram renda, sustentam empregos e contribuem para o desenvolvimento da sociedade.
E olhe que não estou defendendo o "vale tudo", acho inclusive que, todo abuso deve ser controlado, mas, banir personagens que já fazem parte do imaginário de muitas crianças e até de adultos, como o tigre da Kellogg's, o coelho Nesquick e o gato do Bubbaloo, é um exagero descabido - acreditem é puro patrulhamento ideológico.
Mas, conhecendo a criatividade de nossa área, mesmo dentro de uma nova legislação, saberemos nos adptar a ela e continuaremos vendendo nosso peixe, ou tigre, ou coelho, ou gato. Por isso, essas medidas terão efeitos mínimos ao que se propõe, ou seja, não acredito que irão contribuir para que a sociedade se torne mais saudável e menos obesa, mas, com certeza, irão tornar o mundo mais enfadonho e talvez criem adultos mais chatos - só não tão chatos como os profissionais da Anvisa - bem, pelo menos é o que eu espero.
Um comentário:
Concordo em genero - número e grau.
Todo excesso é prejudicial. Acho que os pais devem ser mais responsáveis pelos filhos. Acho que está havendo uma inversão de valores, os pais cruzam os braços e esperam que a escola, a TV, a propaganda, as babás o mundo - qualquer um eduque menos eles, que acham bonitinho seus filhinhos falando palavrões, desrespeitando professores. Acho que os pais devem retomar o seu posto, ajudar nas escolhas e aprender a dizer não aos filhos. O certo e o errado sempre vão existir - precisamos ensinar as crianças as diferenças para que eles se tornem adultos mais conscientes e com opinião, para que não precisem de um sistema para tirar a liberdade.
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