Vá lá, estou ficando muito chato, mas este comercial do Ford Fusion comete dois erros que não pude deixar de registrar.
Observe que a pergunta que serve de base para a campanha é: "Onde você pretende estar daqui a 5 anos?" A resposta, que aparece na imaginação dos interlocutores, é dentro de um Ford Fusion. O que significa que eles pretendem esperar 5 anos para comprar um carro lançado em 2009 (desculpem o radicalismo, mas é tempo demais...mesmo que se tratasse de algum plano de consórcio).
Mas este pequeno equívoco não tiraria os méritos do roteiro (afinal, a imagem que vemos é de um "sonho"), o pior vem depois. Como observamos no "devaneio" da protagonista, o que ela, ironicamente deseja, é ter o colega como seu motorista particular (bacana a sacada), mas a frase de assinatura: "Quem dirige o Ford Fusion fez por merecer" pisa no tomate. Significa que o colega da moça - em 5 anos - perderia o cargo no escritório da empresa para trabalhar como chofer (nesse caso, ele realmente, fez por merecer...).
O correto, seria terminar o comercial com algo do tipo: "Quem tem o Ford Fusion fez por merecer" - o que, pelo preço do tal carro, só mesmo em sonho - para imensa maioria da população.
10.7.09
Novo Ford Fusion - Só daqui a 5 Anos ou mais...
19.6.09
Espinafrada contra a Publicidade Infantil
"Defendi a probição à publicidade direcionada ao público infantil, menor de 12 anos, e não à publicidade de produtos para a infância. A publicidade que fala diretamente com a criança é a que não deve existir. Isso não vai provocar impacto na economia". - Isabella Henriques, coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana."
Mais uma vez, volto com o assunto sobre a proibição da publicidade focada nas crianças. Sobre a questão, ocorreu uma audiência pública em Brasília, realizada no último dia 18 (a matéria toda está no mmonline*).
Pela declaração de Isabella Henrique, dá para perceber que, além de advogada, a dra. deve ser economista - e de vanguarda - afinal, garantir que uma medida desse porte não trará impacto nenhum na economia é coisa de quem se considera "dono da verdade", título que cabe como luva para a instituição representada por ela.
Mas não foi só o instituto Alana que estava presente na "audiência pública". Várias entidades e profissionais ligados ao segmento como Maurício de Souza, Anvisa, CONAR, ABERT, ABAP estiveram lá, além da ABRINQ, representada por seu presidente, Sybésio Batista da Costa, o qual tem uma opinião bastante combativa sobre o Projeto de Lei: "...o clima mudou, parece que somos culpados pela morte da bezerra. Mas não vamos ceder. Só aceitamos que se discuta a conduta da publicidade. Para proibir a publicidade de brinquedos vão ter que me matar antes".
Bem, vamos aguardar que nada de mal aconteça ao Sybésio, enquanto isso, vale lembrar a semântica de Isabella Henrique, que defende a proibição da propaganda direcionada aos menores de 12 anos e não a proibição da publicidade de produtos para a infância. Sutil não? Repararam a grande diferença? Então, qual a pessoa hoje, de 12 anos, que ainda é criança?? E, uma vez aprovada a lei, quem vai definir qual a idade do público que o comercial está atingindo? E o que vale e o que não vale?
Papai Noel vai poder? E o Coelho da Páscoa? Como fica a divulgação nos pontos-de-venda? E nas revistas? (a Alana quer tirar os anúncios da revista da Mônica). E se porventura, a Estrela resolver fazer um comercial institucional, alertando que a criança deve ter cuidado ao atravessar a rua, isso vai ser proibido? E se um fabricante de sucos de laranja divulgar as vantagens dos alimentos naturais para crianças, isso também vai ser proibido?
E aqui não estou cometendo nenhum exagero, a coisa começa a ficar feia com proibições desse tipo e com discursos "politicamente corretos" por gente que "só quer o bem da sociedade". No início, fecha-se uma pequena e inocente janelinha, depois e sorrateiramente, a casa inteira está trancada. Já vimos esse filme antes, e não era nenhum comercial de 30 segundos - na verdade durou mais de 20 anos.
E o que o Popeye tem a ver com isso??
Para quem não sabe, o marinheiro Popeye foi criado devido a uma super produção de espinafre, isso no século passado, lá nos EUA. Então resolveram dar vida ao homem que fica mais forte comendo, a até então, desprezada verdura, e o público-alvo, naturalmente, era menor de 12 anos. O que prova, mais uma vez que, não somente a publicidade, mas uma boa estratégia de marketing é indispensável para atingir resultados. Só espero que nenhuma PL ou a Alana, venha "espinafrar" os desenhos do personagem.
*Mais em:
3.6.09
A Vitória do Bom Senso
O Rio de Janeiro continua lindo! E é de lá que vem uma excelente notícia para a área de comunicação: as expressões estrangeiras continuarão na publicidade carioca - sem a necessidade de sua devida tradução. A vitória foi da Fecomércio/RJ - Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro - que conseguiu uma limitar contra Lei Municipal 5033, sancionada pelo prefeito Eduardo Paes - as informações são de O Globo.
Para a Fecomércio carioca essa lei é inconstitucional, por restringir a liberdade de manifestação de pensamento. Leonardo Pessoa, coordenador do Núcleo Jurídico da entidade, declara: "Você imagina se cada um dos 92 municípios do Rio tivessem uma lei diferente sobre a questão da propaganda? Seria o caos. Essa questão só pode ser prevista em legislação federal" - Imaginem se o Kassab ouve isso!!
Utilizando de bom senso, o qual tantas vezes falta a nossa classe política, Godofredo de Oliveira, presidente do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, lembra que "se as empresas usam esses termos para atrair clientes, é sinal de que seu público entende a mensagem". E vai além: "o idioma tem uma autorregulamentação e seria complicado definir o que é um abuso ou não nas propagandas".
Como acredito ter deixado claro no post abaixo, sou totalmente contrário a qualquer regulamentação que censure a liberdade de expressão. O grande problema de legislações como essa é que podem se proliferar pelo Brasil afora - a propaganda já virou um bom alvo para quem pretende atrair holofotes - é fácil ser contra uma atividade que raramente se protege. Restringir a publicidade se transformou em palanque para políticos que, ao posarem de defensores da Língua Portuguesa, dos bons costumes e do politicamente correto, na verdade só querem a defesa de seus próprios interesses.
27.5.09
Lei obriga tradução de publicidade carioca
Esta poderia frequentar o FEBEAPÁ, Festival de Besteiras que Assola o País, criado pelo saudoso Stanislaw Ponte Preta, famoso jornalista dos anos 60/70. Pois vejam só, sem ter muito o que fazer, Roberto Monteiro, vereador do PC do B do Rio, criou uma lei que obriga a tradução, em letras do mesmo tamanho, de palavras estrangeiras que apareçam em qualquer peça publicitária veiculada na Cidade Maravilhosa.
A lei, já sancionada pelo prefeito Eduardo Jorge do PMDB, tem belas intenções: "preservar a cultura do país e facilitar a compreensão das propagandas por quem não conhece outros idiomas além do português".
Ai, minha Nossa Senhora das Comunicações!! Bendita sois vós!
Ó, Grande CEO, perdoai-os: Eles não sabem o que fazem!!!
Se soubessem, entenderiam que uma das maiores, senão a maior, obrigação de uma peça publicitária é ser entendida. O que o cliente e agência querem é atingir o target (nota da tradução: público alvo). E mais: com clareza e uma boa dose de persuasão. Quando isso não acontece, ou a agência muda o rumo ou o cliente muda de agência, simples assim.
E outra, o que eles querem dizer com "preservar a cultura do país"? Em primeiro lugar deveriam conceituar "cultura do país" (será isso possível??). Para mim, e também para muita gente mais qualificada, o conceito de "cultura do país" é tão amplo que cabem centenas, senão milhares, de palavra estrangeiras e até de tupi-guarani. Alguém lembra do Manifesto Antropofágico da Movimento Modernista de 22?? Para a turma de Oswald e Mário de Andrade, a cultura nossa de cada dia se alimenta (também) do estrangeiro, o ingere e o transforma, para termos uma arte autêntica e uma vida com mais brasilidade.
Por outro lado, a própria língua portuguesa, mesmo a falada em Portugal, incorporou e incorpora palavras estrangeiras a séculos - como todo idioma vivo. Palavras como abajur, garagem, toalete, garçom, chapéu, chefe, jaula, dama, manjar, assembleia - têm origem francesa. De origem espanhola temos fandango, pandeiro, quadrilha, ampulheta, trecho. Do inglês vêm lanche, bar, bife, clube, teste e outras mais. E do árabe? Outras tantas. E do africano? Muitas mais.
O mais agravante nesta história é a obrigação legal para algo que deveria ser decidido, exclusivamente, entre a agência e o cliente - como passa a ser "obrigatório" - temos aí o germe indigesto da censura se formando. E censura é muito ruim, é péssimo e até pode matar o futuro da "cultura de nosso país".
Nota 1:
Ainda não entendo como nossas entidades: de publicidade, de clientes ou de outras áreas afinadas com o conceito de liberdade, deixaram a lei ser aprovada tão facilmente. A pista talvez esteja com o presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro, Flávio Medeiros, para ele a lei é conservadora - mas não vai deixar as peças publicitárias menos criativas. Ledo engano de nossa classe, a lei não é apenas conservadora! O que realmente ela é? Censurável.
Nota 2:
Já deve ter muito político por aí pensando em aplicar lei semelhante em seus municípios - atualmente virou moda castrar a atividade publicitária - culpa da imobilização de nossa própria classe.
Nota 3:
Palavras como "off", "sale", "delivery", quando utilizadas, deverão ser seguidas com as traduções: "desconto", "liquidação", "entregas em domicílio". Beleza, não é? E como ficam "mouse", "web", "lap top", entre outras?? Ai Minha Nossa Senhora das Comunicações, rogai por nós e pelos nosso colegas cariocas. It's Fuck! (NT: Tamu Ferrado!)
11.5.09
Publicidade com Responsabilidade
O ano era 1973, tempo distante do "politicamente correto", dos comercias recheados de efeitos especiais e da internet. Entretanto, a Seagrams, fabricante do whisky Royal Label, decidiu veicular um filme memorável e bastante corajoso - até mesmo para os nossos dias. Em slow motion, ou "em câmera lenta" como se dizia na época, retratou a dura realidade que os excessos do álcool podem causar. Sob o olhar fixo de uma criança e do choro que se transforma em sorriso, somos levados a compreender a importância de beber com responsabilidade.
O estranho é que nos dias de hoje, época de grandes verbas publicitárias, dos comerciais que terminam com mensagens do Ministério da Saúde e das práticas de "responsabilidade social", não vemos mais filmes assim. Será que já não está na hora dos fabricantes de bebidas - e de outros segmentos - assumirem um pouco da responsabilidade sobre o impacto negativo que causam à sociedade? Ou, realmente, estamos na era onde o mais importante é vender, não importa como??
A Seagrams, com este antigo comercial, prova que o mundo pode sim, ser bem diferente do cinismo que parece governar os nossos dias, e que a publicidade tem um papel importante para a construção de uma sociedade melhor.
24.4.09
A Nova Pisada de Bola de Ronaldo
A polêmica já rendeu muito assunto em blogs e artigos pelo Brasil afora, e pela atitude da Nova Schin, que entrou com representação no Conar contra a peça publicitária de sua rival, o jogo ainda está longe do fim.
Mas antes de botar água no copo do Ronaldo, é bom esclarecer que gosto muito de futebol, portanto, tenho respeito e admiração pelo craque da camisa 9, e outra, também gosto de uma boa (que necessariamente não precisa ser Antárctica) cerveja gelada.
Entretanto, a mistura de cerveja com personalidades esportivas não desce redondo (com o perdão da Skol). Aliás, redondo é o formato do Ronaldo!
Vale lembrar, que essa não é a primeira vez que a tabelinha Brahma e Ronaldo entra em campo, basta conferir o comercial do touro, que segue abaixo:
Mas qual a relação de esportista com bebida alcoolica? A não ser que a barriguinha dele seja de cerveja, nenhuma. Pois quando tal casamento acontece, a carreira do profissional pode ir para escanteio - como ocorreu recentemente com Adriano (ex-Inter de Milão) - gerando uma imagem negativa de um nome mundialmente consagrado.
Cerveja em espetáculo esportivo deveria se restringir a arquibancada, algo que a própria legislação proibe. Que seja, lugar de cerveja é na mão do torcedor (no bar, no churrasco, na casa dele); na mão de jogador pega mal, vira uma bela pisada de bola - tanto em comerciais, como fora deles - principalmente para quem é uma celebridade do esporte. Aliás, qualquer profissional que depende 100% de sua condição física, de seu reflexos, de uma boa alimentação, de uma vida saudável - é péssimo exemplo para o consumo de bebida alcoolica. Imagine o que vão dizer quando Ronaldo perder algum gol? "Só podia ser brahmeiro mesmo..."
Agora, se a Brahma decidir manter sua estratégia, segue o vídeo de um bom garoto propaganda para suas campanhas - e uma dica mais abrangente, já que o assunto é futebol - que tal patrocinar a arbitragem??
16.4.09
A Maria Gasolina da Fiat
Ele é tudo que um bom comercial não pode ser. Trata-se do vídeo da campanha Fiat Stilo BlackMotion, que recebeu o sugestivo título de "Sedução". Com uma boa produção, recheada de planos de detalhe e os mais diversos clichês - que figuram em praticamente todos os comerciais de automóvel - o filme mostra uma bela jovem trocando de parceiro, simplesmente, por não resistir ao "charme" do referido carro.
Claro, claro...vamos dizer que a peça retrata só uma piadinha...e que a intensão do filme é só vender o seu sofisticado produto - sofisticado sim, pois a locução é clara: "Quem gosta de carros, não vai resistir...Novo Fiat Stilo BlackMotion: para poucos e maus..."
Entretanto, comerciais de TV, por mais bem humorados que sejam - e existem bons exemplos de campanhas bem humoradas e eficientes - são produtos extremamente sérios, pois envolvem uma verba considerável, tanto de produção, quanto de veiculação e atingem, além de seu público-alvo, um contingente de milhões de pessoas. Por tudo isso e mais um pouco, uma campanha como esta não pode passar imune à críticas, principalmente por veicular uma mensagem tão irresponsável e preconceituosa.
Gosto de comerciais em que o produto é o personagem principal, o verdadeiro herói do filme. Pois aprendi que um bom filme publicitário é o que consegue transmitir valor agregado à marca - a qual passa a ter uma personalidade e uma identificação positiva com os mais diversos públicos - ou seja, ele tem que "seduzir" e isto, o filme "Sedução", não consegue fazer com eficiência.
Vejamos o personagem masculino, que faz o papel de "corno" no filme e simboliza todos os consumidores que não tem o BlackMotion - no caso dele, não tem jeito, precisa comprar o produto para manter sua parceira ao seu lado - mas há aí um problema: qual o motivo para andar com uma Maria Gasolina??
Mas o caso da personagem feminina é bem mais grave. Quando ela dá de ombros e sugere que o carro é irresistível, está trocando seus valores sentimentais pelos materiais, isto em uma época em que a própria crise dos mercados está levando muita gente a repensar os tais "materialismo e consumismo" desenfreados.
E há ainda um terceiro personagem que, estrategicamente, não aparece no filme: o motorista do BlackMotion. Ele está ali para representar o futuro consumidor do produto, ou seja, ele é você - já que o papel de corno quem tem que fazer são os outros - que, quando comprar o novo carro da Fiat, será um dos poucos...e...maus - É assim que você e sua Maria Gasolina vão viver felizes para sempre, ou até o próximo carro novo.
E pensar que a Fiat já lançou a corretíssima campanha do "Stilo: ou você tem, ou você não tem!" Mas agora com o BlackMotion, dá a impressão que o tal "estilo" ficou perdido no meio de tanta "sedução".
9.4.09
Salvem as Giraffas!!
"Hoje, nossa maior ameaça é ao direito de comunicar, e há ONGs 'politicamente corretas' que tentam podar esse direito. "Nós, da Abap, já afirmamos que repudiamos a censura à publicidade, inclusive aquelas bem-intencionadas. Hoje, já duvido que existam ações bem-intencionadas nessa área". Dalton Pastore - presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade.
A ALANA está caçando Giraffas, elas são o atual alvo jurídico da instituição que tem como meta a "proibição legal e expressa de toda e qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança no Brasil" - conforme o conteúdo do próprio site da entidade.
Lá também há "pérolas", ditas por seu presidente, como: "é importante reconhecer que os pais não são os únicos responsáveis pelos filhos que não param de pedir produtos vistos na tevê, que são obesos, sexualmente precoces ou com comportamentos violentos. A responsabilidade maior está nas empresas e agências de publicidade que apostam no mercado infantil, procurando a vulnerabilidade de cada faixa etária da infância e adolescência para criar consumidores fiéis: as crianças do consumo".
Pronto, eles deixam bem claro quem são os responsáveis pela falta de educação das crianças, por sua obesidade, pela sexualidade precoce e pela violência descabida. Não é o Executivo, não é o Legislativo e nem o Judiciário. Não são as escolas sem material didático e sem professores, não são as instituições despreparadas ou a falta de vergonha de nossos políticos. O responsável por tudo isso são as agências de publicidade, essa Nova Macunaíma, raiz de todo mal do século XXI.
Mas, melhor que minha modesta opinião, são as idéias de Dalton Pastore que, até agora, parece ser a única voz das entidades de propaganda a defender, não apenas a classe publicitária, mas o direito de comunicação em nosso país.
Pastore observa que todas as vezes que uma minoria se julgou no direito de decidir o que a maioria deveria ver ou ouvir, a sociedade se deu mal, como no nazismo ou nas ditaduras.
E ele tem razão, basta observar os argumentos da Alana: "Eles (as crianças) querem se vestir e comer da mesma forma. Querem marcas – usar o tênis Nike, comer Fandangos e ter a mochila da Hello Kitty. Preferem não ir à praia ou ao campo porque sabem que lá não encontrarão tevê ou videogame. Trocam o suco de mexerica por Coca-Cola, e arroz, feijão e couve, por Big Mac com batata frita."
Fico novamente com Dalton Pastore que afirma, o que deveria ser óbvio:
- "A publicidade tem sim, que motivar a população, desde criança, a ter desejo de consumo, faz parte da nossa sociedade". Não somos uma sociedade de casta, o filho do operário um dia pode virar banqueiro, ele precisa de incentivo".
- "Um grupo que se julga superior não pode decidir o que a população deve ou não assistir. A população deve decidir por si só".
- "Não estou dizendo que propaganda não precisa de limites. Precisa sim, e acho isso já há 30 anos.É exatamente por isso que o setor criou o Conar, a auto-regulamentação. Que eu saiba, somos o único setor da economia que se auto-regulamenta", conclui.
É isso aí Dalton! Salve o direito de comunicar! Salve a publicidade brasileira! E salvem as Giraffas - afinal, todos nós, adultos e crianças, merecemos um pouco de magia e bom senso em nossas vidas.
31.3.09
A Alma da Propaganda
Jonatas, publicitário e defensor ferrenho da atividade, tem uma visão bastante clara sobre o que é spam. Para ele, spam é aquele e-mail nocivo, enviado por máquinas-robôs, sediadas em algum ponto obscuro do planeta, que infectam nossos computadores com vírus, roubam senhas, identidades e números de cartões de crédito. Infelizmente, o spam não pode ser controlado ou regulamentado, porque ninguém controla bandido, bandido é caso para polícia resolver. Já e-mail marketing é bem diferente.
E-mail marketing é uma mensagem eletrônica de caráter comercial. Alguns dirão que este tipo de publicidade só poderia entrar em nossas caixas se, e somente se, fossem autorizadas pelo usuário. Visão que, para Jonatas, é extremamente distorcida, pois não leva em consideração quando o consumidor não sabe o que deseja, como no lançamento de um produto inédito. Como exemplo cita o carro indiano de U$ 2.000,00 e pergunta: Quem não gostaria de ser informado sobre o lançamento desse carro no Brasil? E qual o problema de receber este tipo de informação por e-mail marketing?
Claro que, como toda atividade, o e-mail marketing precisa ser regularizado e Jonatas não é contra a nova lei que vem por aí, mas considera que o texto poderia ser mais abrangente.
Sem papas na língua, Jonatas é um defensor da liberdade de expressão, o que todos que trabalham ou estudam na área de comunicação deveriam ser. Seu discurso é um pouco polêmico sim, mas enfrentar pensamentos ditos "politicamente corretos", sem gerar algum tipo de polêmica, aí já é querer demais.
20.3.09
A velha e boa adequação
Seu nome era Johnny. Johnny Rotten, o Joãozinho Podre, líder dos Sex Pistols, a banda inglesa que nos anos 70 do século passado, transformou em hit o "God Save The Queen", ao insulflar o refrão "No Future For You", em uma das músicas mais consagradas do movimento punk. Incendiários, os Sex Pistols incentivavam o anarquismo e criticavam ferozmente a política e a sociedade de consumo.
Mas o tempo passa (e como) e consome a todos nós. Johnny, há muito já abandonou seu pseudônimo para ser, ou voltar a ser, John Lydon - e seu último sucesso está longe do mundo da música. Em uma campanha publicitária, ele é o garoto propaganda (se é que o termo "garoto" ainda se enquadra nele) da Country Life - a manteiga mais vendida do Reino Unido.
O que surpreende aqui, não é a história do ex-rebelde que se rende ao "sistema", mas sim o resultado da ação: o comercial de 30", estrelado por Lydon, foi responsável pelo aumento de 85% das vendas do produto!
Ao assisti-lo (ele está logo acima), percebemos como a estratégia da agência foi correta. Em primeiro lugar, houve compreensão e respeito ao público-alvo, é um comercial tipicamente inglês, com o bom e velho humor britânico. Em segundo, Lydon está perfeito e muito engraçado no papel de um normal, embora meio aloprado, súdito da rainha. Em terceiro, o roteiro, simples e sem tecnologismos, está acima da média, lembrando a tradicional e excelente escola de comerciais ingleses.
O que a Country Life e John Lydon nos ensinam é que, em plena era da internet e da globalização - em que mesmo marcas locais insistem em usar o formato "global" - o sucesso de 85% de aumento de vendas, foi devido a uma boa adequação de mensagens. Tudo aqui é pertinente, desde a forma como foi utilizada a figura pública (observe que é um personagem trabalhando em função do produto - e não um mero uso de uma "personalidade da mídia"), ao bom uso de um comercial de 30", que muita gente boa considera ultrapassado...será? No Future For You! Que Deus Salve a Rainha - e a todos nós!
Para lembrar, ou para apresentar a quem não conhece, abaixo está o clipe de "God Save The Queen".
13.3.09
A Censura Animada da Anvisa
"Dentre as principais sugestões de alteração das regras para a publicidade infantil, a Anvisa destaca as medidas de proibição de propaganda em escolas e em materiais escolares e o uso de tradicionais personagens infantis no universo publicitário. Também está em vigor a sugestão da obrigatoriedade de veiculação de frases de alerta e advertência dos riscos inerentes aos produtos comercializados. Fonte: www.mmonline.com.br, 11.03.09
Venhamos e convenhamos, essa é dose e ao que tudo indica, vem para ficar. Os profissionais da Anvisa, que parece, não tem nada melhor para fazer, decidiram ir com unhas e dentes para aplacar o que consideram um grande mal para as crianças brasileiras: a comunicação de produtos alimentícios voltados para o público infantil. O alvo são alimentos ricos em gordura trans, açúcar, sódio e outros componentes. A justificativa, repleta de frases de efeito e com o aval do Conar e Alana, visa reduzir "a difusão de hábitos alimentares inadequados, o que, ao longo prazo, contribuiria para a construção de uma sociedade obesa e com problemas de saúde". Já para o próximo semestre, sai as determinações da entidade, que deverá proibir a propaganda em escolas e em materiais escolares e o uso de tradicionais personagens infantis. Também está em vigor a sugestão da obrigatoriedade de veiculação de frases de alerta e advertência dos riscos inerentes aos produtos comercializados.
Até aí parece tudo bem, entretanto, o que está em jogo é algo mais profundo do que a veiculação ou não de campanhas com personagens do imaginário infantil.
1. Em primeiro lugar, se os produtos são realmente nocivos, não deveriam ter a sua venda proibida?
2. Em segundo, não caberiam aos pais a decisão de escolher que alimentos seus filhos poderiam ou não consumir?
3. Em terceiro, sob o manto de tão nobres argumentos, não estão utilizando a censura?
Ora, ora, ora, ninguém, com alguma inteligência na cabeça, vai querer que nossas crianças se tornem adultos obesos e com problemas de saúde. Entretanto, campanhas de achocolatados, refrigerantes, balas, biscoitos e afins, sempre estiveram presentes na mídia, principalmente na TV, o que deveria já ter gerado (com o perdão do trocadilho) gerações e gerações de brasileiros obesos. Até onde sei, e sei muito pouco sobre o assunto, a obesidade, a tendência para engordar e diversos outros problemas de saúde, tem causas genéticas que, muitos dirão, poderão ser agravadas com o consumo desses alimentos - então, se é assim, volto a pergunta 1.
Dizem também, que a influência dos comerciais infantis leva a criança a preferir (pedir, exigir) a compra de tais produtos, mas entretanto, o ato de compra não é de responsabilidade dos adultos? E se eles não querem essa responsabilidade, já não estaríamos necessitando de adultos melhores? Volto então a pergunta 2.
E antes de voltar a pergunta 3. São atitudes como essa que escondem algo muito nocivo, pois há aqueles que são contra a propaganda, contra o consumo (que chamam de consumismo), contra a indústria, contra as empresas. Este tipo de pessoa esquece que a propaganda, ao incentivar o consumo, a indústria ao fabricar os seus produtos e as empresas ao comercializarem seus bens e serviços, fazem a roda da economia girar - geram renda, sustentam empregos e contribuem para o desenvolvimento da sociedade.
E olhe que não estou defendendo o "vale tudo", acho inclusive que, todo abuso deve ser controlado, mas, banir personagens que já fazem parte do imaginário de muitas crianças e até de adultos, como o tigre da Kellogg's, o coelho Nesquick e o gato do Bubbaloo, é um exagero descabido - acreditem é puro patrulhamento ideológico.
Mas, conhecendo a criatividade de nossa área, mesmo dentro de uma nova legislação, saberemos nos adptar a ela e continuaremos vendendo nosso peixe, ou tigre, ou coelho, ou gato. Por isso, essas medidas terão efeitos mínimos ao que se propõe, ou seja, não acredito que irão contribuir para que a sociedade se torne mais saudável e menos obesa, mas, com certeza, irão tornar o mundo mais enfadonho e talvez criem adultos mais chatos - só não tão chatos como os profissionais da Anvisa - bem, pelo menos é o que eu espero.