24.4.09

A Nova Pisada de Bola de Ronaldo

A polêmica já rendeu muito assunto em blogs e artigos pelo Brasil afora, e pela atitude da Nova Schin, que entrou com representação no Conar contra a peça publicitária de sua rival, o jogo ainda está longe do fim.
Mas antes de botar água no copo do Ronaldo, é bom esclarecer que gosto muito de futebol, portanto, tenho respeito e admiração pelo craque da camisa 9, e outra, também gosto de uma boa (que necessariamente não precisa ser Antárctica) cerveja gelada.
Entretanto, a mistura de cerveja com personalidades esportivas não desce redondo (com o perdão da Skol). Aliás, redondo é o formato do Ronaldo!
Vale lembrar, que essa não é a primeira vez que a tabelinha Brahma e Ronaldo entra em campo, basta conferir o comercial do touro, que segue abaixo:



Mas qual a relação de esportista com bebida alcoolica? A não ser que a barriguinha dele seja de cerveja, nenhuma. Pois quando tal casamento acontece, a carreira do profissional pode ir para escanteio - como ocorreu recentemente com Adriano (ex-Inter de Milão) - gerando uma imagem negativa de um nome mundialmente consagrado.

Cerveja em espetáculo esportivo deveria se restringir a arquibancada, algo que a própria legislação proibe. Que seja, lugar de cerveja é na mão do torcedor (no bar, no churrasco, na casa dele); na mão de jogador pega mal, vira uma bela pisada de bola - tanto em comerciais, como fora deles - principalmente para quem é uma celebridade do esporte. Aliás, qualquer profissional que depende 100% de sua condição física, de seu reflexos, de uma boa alimentação, de uma vida saudável - é péssimo exemplo para o consumo de bebida alcoolica. Imagine o que vão dizer quando Ronaldo perder algum gol? "Só podia ser brahmeiro mesmo..."

Agora, se a Brahma decidir manter sua estratégia, segue o vídeo de um bom garoto propaganda para suas campanhas - e uma dica mais abrangente, já que o assunto é futebol - que tal patrocinar a arbitragem??



16.4.09

A Maria Gasolina da Fiat

Ele é tudo que um bom comercial não pode ser. Trata-se do vídeo da campanha Fiat Stilo BlackMotion, que recebeu o sugestivo título de "Sedução". Com uma boa produção, recheada de planos de detalhe e os mais diversos clichês - que figuram em praticamente todos os comerciais de automóvel - o filme mostra uma bela jovem trocando de parceiro, simplesmente, por não resistir ao "charme" do referido carro.

Claro, claro...vamos dizer que a peça retrata só uma piadinha...e que a intensão do filme é só vender o seu sofisticado produto - sofisticado sim, pois a locução é clara: "Quem gosta de carros, não vai resistir...Novo Fiat Stilo BlackMotion: para poucos e maus..."

Entretanto, comerciais de TV, por mais bem humorados que sejam - e existem bons exemplos de campanhas bem humoradas e eficientes - são produtos extremamente sérios, pois envolvem uma verba considerável, tanto de produção, quanto de veiculação e atingem, além de seu público-alvo, um contingente de milhões de pessoas. Por tudo isso e mais um pouco, uma campanha como esta não pode passar imune à críticas, principalmente por veicular uma mensagem tão irresponsável e preconceituosa.

Gosto de comerciais em que o produto é o personagem principal, o verdadeiro herói do filme. Pois aprendi que um bom filme publicitário é o que consegue transmitir valor agregado à marca - a qual passa a ter uma personalidade e uma identificação positiva com os mais diversos públicos - ou seja, ele tem que "seduzir" e isto, o filme "Sedução", não consegue fazer com eficiência.

Vejamos o personagem masculino, que faz o papel de "corno" no filme e simboliza todos os consumidores que não tem o BlackMotion - no caso dele, não tem jeito, precisa comprar o produto para manter sua parceira ao seu lado - mas há aí um problema: qual o motivo para andar com uma Maria Gasolina??

Mas o caso da personagem feminina é bem mais grave. Quando ela dá de ombros e sugere que o carro é irresistível, está trocando seus valores sentimentais pelos materiais, isto em uma época em que a própria crise dos mercados está levando muita gente a repensar os tais "materialismo e consumismo" desenfreados.

E há ainda um terceiro personagem que, estrategicamente, não aparece no filme: o motorista do BlackMotion. Ele está ali para representar o futuro consumidor do produto, ou seja, ele é você - já que o papel de corno quem tem que fazer são os outros - que, quando comprar o novo carro da Fiat, será um dos poucos...e...maus - É assim que você e sua Maria Gasolina vão viver felizes para sempre, ou até o próximo carro novo.

E pensar que a Fiat já lançou a corretíssima campanha do "Stilo: ou você tem, ou você não tem!" Mas agora com o BlackMotion, dá a impressão que o tal "estilo" ficou perdido no meio de tanta "sedução".

9.4.09

Salvem as Giraffas!!

"Hoje, nossa maior ameaça é ao direito de comunicar, e há ONGs 'politicamente corretas' que tentam podar esse direito. "Nós, da Abap, já afirmamos que repudiamos a censura à publicidade, inclusive aquelas bem-intencionadas. Hoje, já duvido que existam ações bem-intencionadas nessa área". Dalton Pastore - presidente da Associação Brasileira de Agências de Publicidade.

A ALANA está caçando Giraffas, elas são o atual alvo jurídico da instituição que tem como meta a "proibição legal e expressa de toda e qualquer comunicação mercadológica dirigida à criança no Brasil" - conforme o conteúdo do próprio site da entidade.

Lá também há "pérolas", ditas por seu presidente, como: "é importante reconhecer que os pais não são os únicos responsáveis pelos filhos que não param de pedir produtos vistos na tevê, que são obesos, sexualmente precoces ou com comportamentos violentos. A responsabilidade maior está nas empresas e agências de publicidade que apostam no mercado infantil, procurando a vulnerabilidade de cada faixa etária da infância e adolescência para criar consumidores fiéis: as crianças do consumo".

Pronto, eles deixam bem claro quem são os responsáveis pela falta de educação das crianças, por sua obesidade, pela sexualidade precoce e pela violência descabida. Não é o Executivo, não é o Legislativo e nem o Judiciário. Não são as escolas sem material didático e sem professores, não são as instituições despreparadas ou a falta de vergonha de nossos políticos. O responsável por tudo isso são as agências de publicidade, essa Nova Macunaíma, raiz de todo mal do século XXI.

Mas, melhor que minha modesta opinião, são as idéias de Dalton Pastore que, até agora, parece ser a única voz das entidades de propaganda a defender, não apenas a classe publicitária, mas o direito de comunicação em nosso país.

Pastore observa que todas as vezes que uma minoria se julgou no direito de decidir o que a maioria deveria ver ou ouvir, a sociedade se deu mal, como no nazismo ou nas ditaduras.

E ele tem razão, basta observar os argumentos da Alana: "Eles (as crianças) querem se vestir e comer da mesma forma. Querem marcas – usar o tênis Nike, comer Fandangos e ter a mochila da Hello Kitty. Preferem não ir à praia ou ao campo porque sabem que lá não encontrarão tevê ou videogame. Trocam o suco de mexerica por Coca-Cola, e arroz, feijão e couve, por Big Mac com batata frita."

Fico novamente com Dalton Pastore que afirma, o que deveria ser óbvio:

- "A publicidade tem sim, que motivar a população, desde criança, a ter desejo de consumo, faz parte da nossa sociedade". Não somos uma sociedade de casta, o filho do operário um dia pode virar banqueiro, ele precisa de incentivo".

- "Um grupo que se julga superior não pode decidir o que a população deve ou não assistir. A população deve decidir por si só".

- "Não estou dizendo que propaganda não precisa de limites. Precisa sim, e acho isso já há 30 anos.É exatamente por isso que o setor criou o Conar, a auto-regulamentação. Que eu saiba, somos o único setor da economia que se auto-regulamenta", conclui.

É isso aí Dalton! Salve o direito de comunicar! Salve a publicidade brasileira! E salvem as Giraffas - afinal, todos nós, adultos e crianças, merecemos um pouco de magia e bom senso em nossas vidas.