"Defendi a probição à publicidade direcionada ao público infantil, menor de 12 anos, e não à publicidade de produtos para a infância. A publicidade que fala diretamente com a criança é a que não deve existir. Isso não vai provocar impacto na economia". - Isabella Henriques, coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana."
Mais uma vez, volto com o assunto sobre a proibição da publicidade focada nas crianças. Sobre a questão, ocorreu uma audiência pública em Brasília, realizada no último dia 18 (a matéria toda está no mmonline*).
Pela declaração de Isabella Henrique, dá para perceber que, além de advogada, a dra. deve ser economista - e de vanguarda - afinal, garantir que uma medida desse porte não trará impacto nenhum na economia é coisa de quem se considera "dono da verdade", título que cabe como luva para a instituição representada por ela.
Mas não foi só o instituto Alana que estava presente na "audiência pública". Várias entidades e profissionais ligados ao segmento como Maurício de Souza, Anvisa, CONAR, ABERT, ABAP estiveram lá, além da ABRINQ, representada por seu presidente, Sybésio Batista da Costa, o qual tem uma opinião bastante combativa sobre o Projeto de Lei: "...o clima mudou, parece que somos culpados pela morte da bezerra. Mas não vamos ceder. Só aceitamos que se discuta a conduta da publicidade. Para proibir a publicidade de brinquedos vão ter que me matar antes".
Bem, vamos aguardar que nada de mal aconteça ao Sybésio, enquanto isso, vale lembrar a semântica de Isabella Henrique, que defende a proibição da propaganda direcionada aos menores de 12 anos e não a proibição da publicidade de produtos para a infância. Sutil não? Repararam a grande diferença? Então, qual a pessoa hoje, de 12 anos, que ainda é criança?? E, uma vez aprovada a lei, quem vai definir qual a idade do público que o comercial está atingindo? E o que vale e o que não vale?
Papai Noel vai poder? E o Coelho da Páscoa? Como fica a divulgação nos pontos-de-venda? E nas revistas? (a Alana quer tirar os anúncios da revista da Mônica). E se porventura, a Estrela resolver fazer um comercial institucional, alertando que a criança deve ter cuidado ao atravessar a rua, isso vai ser proibido? E se um fabricante de sucos de laranja divulgar as vantagens dos alimentos naturais para crianças, isso também vai ser proibido?
E aqui não estou cometendo nenhum exagero, a coisa começa a ficar feia com proibições desse tipo e com discursos "politicamente corretos" por gente que "só quer o bem da sociedade". No início, fecha-se uma pequena e inocente janelinha, depois e sorrateiramente, a casa inteira está trancada. Já vimos esse filme antes, e não era nenhum comercial de 30 segundos - na verdade durou mais de 20 anos.
E o que o Popeye tem a ver com isso??
Para quem não sabe, o marinheiro Popeye foi criado devido a uma super produção de espinafre, isso no século passado, lá nos EUA. Então resolveram dar vida ao homem que fica mais forte comendo, a até então, desprezada verdura, e o público-alvo, naturalmente, era menor de 12 anos. O que prova, mais uma vez que, não somente a publicidade, mas uma boa estratégia de marketing é indispensável para atingir resultados. Só espero que nenhuma PL ou a Alana, venha "espinafrar" os desenhos do personagem.
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