10.7.09
Novo Ford Fusion - Só daqui a 5 Anos ou mais...
Vá lá, estou ficando muito chato, mas este comercial do Ford Fusion comete dois erros que não pude deixar de registrar.
Observe que a pergunta que serve de base para a campanha é: "Onde você pretende estar daqui a 5 anos?" A resposta, que aparece na imaginação dos interlocutores, é dentro de um Ford Fusion. O que significa que eles pretendem esperar 5 anos para comprar um carro lançado em 2009 (desculpem o radicalismo, mas é tempo demais...mesmo que se tratasse de algum plano de consórcio).
Mas este pequeno equívoco não tiraria os méritos do roteiro (afinal, a imagem que vemos é de um "sonho"), o pior vem depois. Como observamos no "devaneio" da protagonista, o que ela, ironicamente deseja, é ter o colega como seu motorista particular (bacana a sacada), mas a frase de assinatura: "Quem dirige o Ford Fusion fez por merecer" pisa no tomate. Significa que o colega da moça - em 5 anos - perderia o cargo no escritório da empresa para trabalhar como chofer (nesse caso, ele realmente, fez por merecer...).
O correto, seria terminar o comercial com algo do tipo: "Quem tem o Ford Fusion fez por merecer" - o que, pelo preço do tal carro, só mesmo em sonho - para imensa maioria da população.
19.6.09
Espinafrada contra a Publicidade Infantil
"Defendi a probição à publicidade direcionada ao público infantil, menor de 12 anos, e não à publicidade de produtos para a infância. A publicidade que fala diretamente com a criança é a que não deve existir. Isso não vai provocar impacto na economia". - Isabella Henriques, coordenadora-geral do projeto Criança e Consumo do Instituto Alana."
Mais uma vez, volto com o assunto sobre a proibição da publicidade focada nas crianças. Sobre a questão, ocorreu uma audiência pública em Brasília, realizada no último dia 18 (a matéria toda está no mmonline*).
Pela declaração de Isabella Henrique, dá para perceber que, além de advogada, a dra. deve ser economista - e de vanguarda - afinal, garantir que uma medida desse porte não trará impacto nenhum na economia é coisa de quem se considera "dono da verdade", título que cabe como luva para a instituição representada por ela.
Mas não foi só o instituto Alana que estava presente na "audiência pública". Várias entidades e profissionais ligados ao segmento como Maurício de Souza, Anvisa, CONAR, ABERT, ABAP estiveram lá, além da ABRINQ, representada por seu presidente, Sybésio Batista da Costa, o qual tem uma opinião bastante combativa sobre o Projeto de Lei: "...o clima mudou, parece que somos culpados pela morte da bezerra. Mas não vamos ceder. Só aceitamos que se discuta a conduta da publicidade. Para proibir a publicidade de brinquedos vão ter que me matar antes".
Bem, vamos aguardar que nada de mal aconteça ao Sybésio, enquanto isso, vale lembrar a semântica de Isabella Henrique, que defende a proibição da propaganda direcionada aos menores de 12 anos e não a proibição da publicidade de produtos para a infância. Sutil não? Repararam a grande diferença? Então, qual a pessoa hoje, de 12 anos, que ainda é criança?? E, uma vez aprovada a lei, quem vai definir qual a idade do público que o comercial está atingindo? E o que vale e o que não vale?
Papai Noel vai poder? E o Coelho da Páscoa? Como fica a divulgação nos pontos-de-venda? E nas revistas? (a Alana quer tirar os anúncios da revista da Mônica). E se porventura, a Estrela resolver fazer um comercial institucional, alertando que a criança deve ter cuidado ao atravessar a rua, isso vai ser proibido? E se um fabricante de sucos de laranja divulgar as vantagens dos alimentos naturais para crianças, isso também vai ser proibido?
E aqui não estou cometendo nenhum exagero, a coisa começa a ficar feia com proibições desse tipo e com discursos "politicamente corretos" por gente que "só quer o bem da sociedade". No início, fecha-se uma pequena e inocente janelinha, depois e sorrateiramente, a casa inteira está trancada. Já vimos esse filme antes, e não era nenhum comercial de 30 segundos - na verdade durou mais de 20 anos.
E o que o Popeye tem a ver com isso??
Para quem não sabe, o marinheiro Popeye foi criado devido a uma super produção de espinafre, isso no século passado, lá nos EUA. Então resolveram dar vida ao homem que fica mais forte comendo, a até então, desprezada verdura, e o público-alvo, naturalmente, era menor de 12 anos. O que prova, mais uma vez que, não somente a publicidade, mas uma boa estratégia de marketing é indispensável para atingir resultados. Só espero que nenhuma PL ou a Alana, venha "espinafrar" os desenhos do personagem.
*Mais em:
3.6.09
A Vitória do Bom Senso
O Rio de Janeiro continua lindo! E é de lá que vem uma excelente notícia para a área de comunicação: as expressões estrangeiras continuarão na publicidade carioca - sem a necessidade de sua devida tradução. A vitória foi da Fecomércio/RJ - Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro - que conseguiu uma limitar contra Lei Municipal 5033, sancionada pelo prefeito Eduardo Paes - as informações são de O Globo.
Para a Fecomércio carioca essa lei é inconstitucional, por restringir a liberdade de manifestação de pensamento. Leonardo Pessoa, coordenador do Núcleo Jurídico da entidade, declara: "Você imagina se cada um dos 92 municípios do Rio tivessem uma lei diferente sobre a questão da propaganda? Seria o caos. Essa questão só pode ser prevista em legislação federal" - Imaginem se o Kassab ouve isso!!
Utilizando de bom senso, o qual tantas vezes falta a nossa classe política, Godofredo de Oliveira, presidente do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, lembra que "se as empresas usam esses termos para atrair clientes, é sinal de que seu público entende a mensagem". E vai além: "o idioma tem uma autorregulamentação e seria complicado definir o que é um abuso ou não nas propagandas".
Como acredito ter deixado claro no post abaixo, sou totalmente contrário a qualquer regulamentação que censure a liberdade de expressão. O grande problema de legislações como essa é que podem se proliferar pelo Brasil afora - a propaganda já virou um bom alvo para quem pretende atrair holofotes - é fácil ser contra uma atividade que raramente se protege. Restringir a publicidade se transformou em palanque para políticos que, ao posarem de defensores da Língua Portuguesa, dos bons costumes e do politicamente correto, na verdade só querem a defesa de seus próprios interesses.
27.5.09
Lei obriga tradução de publicidade carioca
Esta poderia frequentar o FEBEAPÁ, Festival de Besteiras que Assola o País, criado pelo saudoso Stanislaw Ponte Preta, famoso jornalista dos anos 60/70. Pois vejam só, sem ter muito o que fazer, Roberto Monteiro, vereador do PC do B do Rio, criou uma lei que obriga a tradução, em letras do mesmo tamanho, de palavras estrangeiras que apareçam em qualquer peça publicitária veiculada na Cidade Maravilhosa.
A lei, já sancionada pelo prefeito Eduardo Jorge do PMDB, tem belas intenções: "preservar a cultura do país e facilitar a compreensão das propagandas por quem não conhece outros idiomas além do português".
Ai, minha Nossa Senhora das Comunicações!! Bendita sois vós!
Ó, Grande CEO, perdoai-os: Eles não sabem o que fazem!!!
Se soubessem, entenderiam que uma das maiores, senão a maior, obrigação de uma peça publicitária é ser entendida. O que o cliente e agência querem é atingir o target (nota da tradução: público alvo). E mais: com clareza e uma boa dose de persuasão. Quando isso não acontece, ou a agência muda o rumo ou o cliente muda de agência, simples assim.
E outra, o que eles querem dizer com "preservar a cultura do país"? Em primeiro lugar deveriam conceituar "cultura do país" (será isso possível??). Para mim, e também para muita gente mais qualificada, o conceito de "cultura do país" é tão amplo que cabem centenas, senão milhares, de palavra estrangeiras e até de tupi-guarani. Alguém lembra do Manifesto Antropofágico da Movimento Modernista de 22?? Para a turma de Oswald e Mário de Andrade, a cultura nossa de cada dia se alimenta (também) do estrangeiro, o ingere e o transforma, para termos uma arte autêntica e uma vida com mais brasilidade.
Por outro lado, a própria língua portuguesa, mesmo a falada em Portugal, incorporou e incorpora palavras estrangeiras a séculos - como todo idioma vivo. Palavras como abajur, garagem, toalete, garçom, chapéu, chefe, jaula, dama, manjar, assembleia - têm origem francesa. De origem espanhola temos fandango, pandeiro, quadrilha, ampulheta, trecho. Do inglês vêm lanche, bar, bife, clube, teste e outras mais. E do árabe? Outras tantas. E do africano? Muitas mais.
O mais agravante nesta história é a obrigação legal para algo que deveria ser decidido, exclusivamente, entre a agência e o cliente - como passa a ser "obrigatório" - temos aí o germe indigesto da censura se formando. E censura é muito ruim, é péssimo e até pode matar o futuro da "cultura de nosso país".
Nota 1:
Ainda não entendo como nossas entidades: de publicidade, de clientes ou de outras áreas afinadas com o conceito de liberdade, deixaram a lei ser aprovada tão facilmente. A pista talvez esteja com o presidente do Clube de Criação do Rio de Janeiro, Flávio Medeiros, para ele a lei é conservadora - mas não vai deixar as peças publicitárias menos criativas. Ledo engano de nossa classe, a lei não é apenas conservadora! O que realmente ela é? Censurável.
Nota 2:
Já deve ter muito político por aí pensando em aplicar lei semelhante em seus municípios - atualmente virou moda castrar a atividade publicitária - culpa da imobilização de nossa própria classe.
Nota 3:
Palavras como "off", "sale", "delivery", quando utilizadas, deverão ser seguidas com as traduções: "desconto", "liquidação", "entregas em domicílio". Beleza, não é? E como ficam "mouse", "web", "lap top", entre outras?? Ai Minha Nossa Senhora das Comunicações, rogai por nós e pelos nosso colegas cariocas. It's Fuck! (NT: Tamu Ferrado!)
11.5.09
Publicidade com Responsabilidade
O ano era 1973, tempo distante do "politicamente correto", dos comercias recheados de efeitos especiais e da internet. Entretanto, a Seagrams, fabricante do whisky Royal Label, decidiu veicular um filme memorável e bastante corajoso - até mesmo para os nossos dias. Em slow motion, ou "em câmera lenta" como se dizia na época, retratou a dura realidade que os excessos do álcool podem causar. Sob o olhar fixo de uma criança e do choro que se transforma em sorriso, somos levados a compreender a importância de beber com responsabilidade.
O estranho é que nos dias de hoje, época de grandes verbas publicitárias, dos comerciais que terminam com mensagens do Ministério da Saúde e das práticas de "responsabilidade social", não vemos mais filmes assim. Será que já não está na hora dos fabricantes de bebidas - e de outros segmentos - assumirem um pouco da responsabilidade sobre o impacto negativo que causam à sociedade? Ou, realmente, estamos na era onde o mais importante é vender, não importa como??
A Seagrams, com este antigo comercial, prova que o mundo pode sim, ser bem diferente do cinismo que parece governar os nossos dias, e que a publicidade tem um papel importante para a construção de uma sociedade melhor.
24.4.09
A Nova Pisada de Bola de Ronaldo
A polêmica já rendeu muito assunto em blogs e artigos pelo Brasil afora, e pela atitude da Nova Schin, que entrou com representação no Conar contra a peça publicitária de sua rival, o jogo ainda está longe do fim.
Mas antes de botar água no copo do Ronaldo, é bom esclarecer que gosto muito de futebol, portanto, tenho respeito e admiração pelo craque da camisa 9, e outra, também gosto de uma boa (que necessariamente não precisa ser Antárctica) cerveja gelada.
Entretanto, a mistura de cerveja com personalidades esportivas não desce redondo (com o perdão da Skol). Aliás, redondo é o formato do Ronaldo!
Vale lembrar, que essa não é a primeira vez que a tabelinha Brahma e Ronaldo entra em campo, basta conferir o comercial do touro, que segue abaixo:
Mas qual a relação de esportista com bebida alcoolica? A não ser que a barriguinha dele seja de cerveja, nenhuma. Pois quando tal casamento acontece, a carreira do profissional pode ir para escanteio - como ocorreu recentemente com Adriano (ex-Inter de Milão) - gerando uma imagem negativa de um nome mundialmente consagrado.
Cerveja em espetáculo esportivo deveria se restringir a arquibancada, algo que a própria legislação proibe. Que seja, lugar de cerveja é na mão do torcedor (no bar, no churrasco, na casa dele); na mão de jogador pega mal, vira uma bela pisada de bola - tanto em comerciais, como fora deles - principalmente para quem é uma celebridade do esporte. Aliás, qualquer profissional que depende 100% de sua condição física, de seu reflexos, de uma boa alimentação, de uma vida saudável - é péssimo exemplo para o consumo de bebida alcoolica. Imagine o que vão dizer quando Ronaldo perder algum gol? "Só podia ser brahmeiro mesmo..."
Agora, se a Brahma decidir manter sua estratégia, segue o vídeo de um bom garoto propaganda para suas campanhas - e uma dica mais abrangente, já que o assunto é futebol - que tal patrocinar a arbitragem??